O trabalho do orientador educacional na sala de aula
É nesse espaço que o orientador ajuda os alunos em questões de aprendizagem e no convívio social.
Temos tratado nessa coluna sobre a importância de a orientação
educacional transitar e ocupar diferentes espaços na escola com o
objetivo de potencializar a aprendizagem dos alunos. A sala de aula -
por excelência, o lugar organizador desse processo - também pode ser
utilizada como território de ação do orientador.
Na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a
entrada do orientador em sala pode ser o momento da rotina para tratar
de temas sensíveis ao grupo. As conversas mais comuns geralmente giram
em torno de acontecimentos que mobilizam os alunos, como a chegada ou a
despedida de um colega, a substituição do professor ou a preparação para
uma atividade extraescolar, como um passeio ao zoológico ou a visita a
um museu.
Em algumas escolas, a orientação realiza semanalmente uma roda de
conversa com os alunos e o professor. Essa pode ser uma boa oportunidade
para escutar as demandas da turma, analisá-las e resolver coletivamente
os conflitos que surgem. É importante que o orientador faça uma
parceria com o professor para que ele compreenda essa intervenção como
potencializadora do trabalho educativo que é realizado. Quando interfere
de modo inapropriado ou sem a anuência do docente, o orientador pode
transmitir aos alunos a impressão de que o professor é inábil, e ele, o
detentor do saber.
Nos anos finais do Ensino Fundamental e no Médio, a presença do
orientador na classe ganha nova dimensão. Muitas escolas inserem no
currículo um horário para a orientação educacional ou de estudos,
destinado a atividades que auxiliem os alunos a fazer o uso adequado do
tempo, do caderno, da agenda e dos livros, além de promover discussões
sobre a realização da lição de casa e as estratégias de estudo. Essas
aulas visam estimular a prática dos conteúdos procedimentais - aqueles
que favorecem a apropriação do conhecimento conceitual.
O orientador pode contribuir com a formação do aluno em sala de aula,
discutindo a gestão dos conflitos do dia a dia, os chamados conteúdos
atitudinais. Nesses encontros, são tratados os problemas que interferem
na aprendizagem do grupo e colocam em risco a qualidade da convivência.
As brigas do intervalo, o descuido com os espaços coletivos e o
desrespeito entre os alunos são alguns dos assuntos que costumam se
inserir nessas discussões. Existem escolas que, tendo clareza das
questões que habitualmente surgem nessa faixa etária, promovem ações
preventivas. Nesses casos, a orientação antecipa com os jovens assuntos
complexos que podem ser potencializadores de futuros conflitos por meio,
por exemplo, do debate de filmes ou da leitura de textos.
O fundamental é que os conteúdos - procedimentais ou atitudinais -
tratados nas atividades propostas pela orientação em sala de aula se
materializem em ações concretas. A circulação da palavra é importante,
mas ela não garante, por si só, a transformação da realidade que
preocupa. O orientador educacional precisa ajudar os alunos a planejar e
executar ações que colaborem com a resolução dos problemas que afetam a
qualidade da aprendizagem assim como das relações sociais vividas na
escola.
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